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Entrevista: Jonathan Renshaw, do BID

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) financia diversos projetos para reassentamento de famílias despejadas de casas em áreas de risco ou por causa de obras.

Jonathan Renshaw é funcionário do banco e é especialista em realocação urbana.

Renshaw trabalha na sede do BID, em Washington, mas está no Brasil.

Fez hoje (9) uma palestra sobre reassentamentos em um evento do BID, em São Paulo.

Em português carregado de sotaque ianque, ele elogiou ações em curso no país.

Falou bem do projeto do governo paulista na Serra do Mar e do Favela Bairro, do Rio.

Não falou, porém, das realocações que terão que ser feitas para a construção das usinas do Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira nem da usina de Belo Monte.

Preferiu não citar principal projeto do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na palestra para representantes de grandes cidades do país.

Só tocou no assunto quando foi perguntado pelo Casa Imprópria, depois do evento.

Leia abaixo o que ele acha que Belo Monte, Jirau e Santo Antônio vão dar.

Confira aí o pessimismo dele sobre o futuros das famílias que perderão sua casa para que que o país tenha energia garantida durante os próximos anos.

Casa Imprópria: O senhor acha que o governo está ligando bem com a realocação das famílias afetadas pelas grandes obras do PAC?

Jonathan Renshaw: O Brasil já realizou projetos grandes, como o de Sobradinho [a construção da Usina Hidrelétrica de Sobradinho). Acho que o maior projeto de reassentamento de famílias da história do BID foi o de Sobradinho. Foram 70 mil famílias. Não estou trabalhando nestes novos grandes projetos. O que tenho a dizer é que é muito mais difícil, muito mais complexo, fazer um reassentamento para 70 mil famílias do que um reassentamento de médio, de 500 famílias.

CI: O governo optou por resolver problemas do país com grandes obras. Isso foi correto?

JR: Não tenho elemento de juízo para dizer se é ou não é.

CI: E como senhor vê o tratamento dos indígenas que terão de ser realocados? Eles têm demandas diferentes da de grupo de fazendeiros ou de comunidades ribeirinhas.

JR: Trabalhar em estados do norte, em áreas de fazenda, já é bem mais difícil que trabalhar com pequenos proprietários do Sul. Garimpeiro também é difícil. Agora, o mais difícil de tudo é a população indígena. Eles estão mais ligados à terra que qualquer outro.

CI: O senhor já citou dois fatores problemáticos dessas obras: o grande número de famílias e o reassentamento de indígenas. O senhor teme que a realocação seja ruim?

JR: Sinceramente, não tenho elementos para dizer. Só acho que não será nada fácil.

CI: E os projetos urbanos? O senhor acha que o maior desafio do Brasil é realocar as famílias afetadas por obras ou reassentar quem mora em favela ou área de risco?

JR: São coisas diferentes. O Brasil precisa de infraestrutura. Mas é fundamental melhorar as condições de vida de sua população. Isso não é ato de caridade. O custo da falta de segurança, insalubridade, são altos para o futuro do país.

Leia mais:

BID discute projetos de reassentamento de famílias que vivem em áreas irregulares (Fonte: Agência Brasil)

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